Desligue o celular já! Isso não é um aviso

Enquanto eu escrevo NO MEU CELULAR, a televisão está ligada, minha mãe está no sofá jogando joguinho, e ninguém está prestando atenção no filme. Não sei se é porque já vimos "Piratas do Caribe 3" um milhão de vezes, ou se é porque estamos acorrentadas a esses smartphones.
Claro, eu entendo.
Estamos na era digital, na era que segundo minha visão, já passou de contemporânea e afins.
Não conseguimos nos definir mais, porque estamos em constantes mudanças.
É impossível analisar coisas inconstantes.
Não costumo escrever textos deste modo, mas tô meio cheia disso tudo. E, tô cheia de mim por não aguentar mais isso, e mesmo assim não conseguir sair do celular.
Vivo brigando comigo quando estou conversando com alguém, e pego o celular pra responder o tal do Whatsapp. Tento evitar o máximo isso, tanto é que, só respondo se for meus pais.
Temos nos tornado intolerantes com o mundo "real".
É tão bonito e mágico viver com os filtros do Instagram tapando nossos olhos.
É chato esperar.
É chato sair e não tirar uma foto.
É chato prestar atenção nos amigos.
É chato viver como nossos pais viviam.
Antes, saíamos para aproveitar a presença das pessoas.
Tirávamos fotos para recordar momentos.
Enquanto esperávamos observávamos estranhos e até conversávamos com eles.
Quando foi a última vez que você deu bom dia para o cobrador do busão?
Tenho medo de pegar meu bilhete único e parar de fazer isso, afinal, não tem necessidade.
Não é minha obrigação.
Não é minha obrigação falar com o outro olhando em seus olhos.
Não é minha obrigação reservar um tempo para meus pais na sala, com todos juntos.
Não é minha obrigação jantar a mesa.
Quanta baboseira do passado.
Que menina old school!
Galera! Desliguem a porcaria do celular (porcaria não é palavra feia, viu?)
Não sei quando me sinto pior.
Quando sou trocada por um aparelhinho que nem se compara ao tamanho da minha mão, ou quando faço isso com as pessoas.
Eu sei. Eu sei.
É inconsciente, tem se tornado algo normal, mas é aí que as coisas se encontram fora do lugar.
Isso não pode se tornar nomal, muito menos inconsciente.
É pro nosso próprio bem.
Quantas coisas deixamos de aproveitar?
Eu adorava quando meu pai voltava para casa e ouvia suas histórias. Hoje eu dou aquele "Oi" e me forço a prestar atenção. Não era pra eu forçar nada, pra começo de conversa.
Deixei de ouvir as voz das pessoas que eu amo pelo simples fato de não saber mais o que falar quando as encontro. No whatsapp sempre temos assuntos, mas cara-a-cara nos tornamos mudos. Fica aquele silêncio constrangedor e intimidador.
Acho que perdemos tempo demais conhecendo as pessoas virtualmente, enquanto poderíamos simplesmente sair com elas! Qual a dificuldade nisso?
Quantas chances desperdiçamos com pessoas maravilhosas ao trocá-las pela conversa com outras pessoas virtualmente?
Quantos domingos lindos em família passaram despercebidos por nós?
E, nossos avós? Nossos tios?
Eu tenho me tornado intolerante, do tipo de pessoa que se estressa fácil. Antes, eu era mais calma. Quando pequena eu era "normal".
Brincava de mãe da rua, de pega-pega. Tocava a campainha dos outros e saía correndo.
Meu irmão não teve a mesma sorte, isso que nossa diferença de idade é de apenas cinco anos.
Essa vida tá chata.
É uma vida sem vida.
Sem amor.
Sem troca de olhares.
Sem risadas sinceras.
Sem histórias reais a contar...
Como nossos filhos serão?
Não quero contar histórias para dormir com um tablet e aposentar meu, bom e velho, livro.
Não vou dizer que a tecnologia é horrível. Ela facilitou muito a minha vida, posso escrever textos em todos os lugares. Tirar fotos de paisagens incríveis, e falar com quem tá do outro lado do mundo, mas e daí?
A era digital não deveria ser usada como o verbo "substituir", mas como o verbo "melhorar", "acrescentar".
É só que eu me sinto triste com isso tudo...
Sinto que não dou o meu melhor pra quem está ao meu lado.
Sinto que tenho me tornado um corpo com a alma em um universo paralelo.
Sinto que tenho perdido tantas oportunidades de ser feliz e doar essa felicidade.
Me sinto mal.
Creio que isso vai ser um conflito eterno de pessoas que nasceram no anos 90, assim como eu.
Até metade de nossas vidas não sabíamos o que era tecnologia, hoje crianças de 2 anos brincam com joguinhos ao invés daqueles "Fisher Price" que sempre foram caros.
Como eu vou levar uma vida normal se estou ocupada demais olhando para uma tela de 4 polegadas que grava vídeo em HD?
Com tudo isso, temos nos tornado exigentes demais.
Impacientes demais.
Reclamões demais.
Queremos perfeição e queremos já.
Exigimos essa perfeição no outro e quando não encontramos isso nem em nós mesmos, nos frustramos.
A Era digital frusta pessoas.
Acaba com elas.
As levam ao suicídio inteiro, e externo.
Padrões de beleza.
Mídia ofensiva.
Propagandas que estão sempre impondo alguma coisa.
Filmes hollywoodianos impossíveis.
Mídias sociais que nos fazem odiar nossas vidas "normais".
Quero parar por aqui, senão vou acabar falando demais, e corro o risco de parecer uma hipócrita de mão cheia.
Que esse texto sirva de reflexão TODOS OS DIAS para nossas vidas, não só a minha, como a sua.
Deixo esse dois vídeos que me chocam com a realidade que nós vivemos agora.

Desligue o celular já! Isso não é um aviso!






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ABOUT THE AUTHOR

Criadora do blog em 2014. A desastrada da família com coração grandão. Apertadora de bichanos em tempo integral. Vivendo na cidade grande, mas com o coração na calmaria de um pôr-do-sol. Aprecidadora de sons parisienses, jazz e cappuccinos no outono. ♥

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