Deliberadamente, em frente

Um último bilhete.
Uma singela nota.
Um breve verbete até que se desfaleça.
Dois metros da porta principal.
Seis passos até a saída.
E, um suspiro até que se parta.
Devagar, ou quase parando.
Sendo sensato ou enlouquecendo.
Fazendo o seu papel ou abandonando-o.
Até que tenha se esgotado.
Um desejo não é uma vontade.
Uma vontade não é um desejo.
E, uma atitude não significa muito até que se tenha tomado alguma.
Uma respiração e meia.
Uma lágrima e dois quartos.
Um minuto até que não se tenha sobrado muito.
E, então.
Não sobrou.
Nem o final da luz da tarde.
Nem o começo da noite.
E, até que se faça outro, esse dia já acabou.
Logo mais os ventos levam as folhas.
Em instantes a chuva começa a cair.
Mudando o curso, até que aquele caminho já tenha se dissolvido por completo.
Flores começam a desabrochar.
Sorrisos vêem como verões.
E, passado derrete até que não se tenha mais forças para sobreviver a imensidão dos corações.
Pretérito imperfeito.
Perfeito.
Mais que perfeito, assim dizendo, até que se tome de maneira deliberadamente, a vontade de andar para frente, e nada mais do que, em frente.

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ABOUT THE AUTHOR

Criadora do blog em 2014. A desastrada da família com coração grandão. Apertadora de bichanos em tempo integral. Vivendo na cidade grande, mas com o coração na calmaria de um pôr-do-sol. Aprecidadora de sons parisienses, jazz e cappuccinos no outono. ♥

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