Ah, por favor, não me traga uma multidão para assistir.
Não preciso que você prove para todas as pessoas da terra que me ama, só demonstre isso para mim.
Nós dois.
Assim, bonitinho, calmo e sossegado.
Não precisa fazer alarde.
Não traga o megafone.
Não traga os dançarinos.
Não traga um milhão de flores.
Me traga você.
Me traga uma flor arrancada de um jardim numa data não especial.
Não traga a convenção.
Não traga o comum.
Não traga o clichê.
Eu gosto do natural, do especial, apenas, para nós.
Não vamos nos render a opressão dos outros.
Sejamos apenas nós dois.
Com anel ou sem anel.
Com vídeo que me faça chorar ou sem vídeo.
De joelhos ou deitado.
Sem jeito ou com jeito.
Mas, venha você.
Glamour, riqueza, brilho e luxo.
Não, não, não e não.
Caseiro, íntimo, pequeno e doce.
Tenha todo zelo e toda paciência do universo para comigo.
Acalme meus nervos aborrecidos.
Seja sincero e cuidadoso.
Fale com o olhar, grite com a alma, se expresse com um sorriso.
Seja sincero e simples.
Admire meu cabelo bagunçado, e meu rosto corado.
Cante canções bobas para me fazer rir.
Reserve todos os domingos de todos os meses de todos os anos para ficarmos deitados sem fazer absolutamente nada.
Seja você, apenas.
Eu e você.
Você e eu.
Nós.
O que conta para mim é o que importa para nós, sem que o mundo tenha que saber ou se meter.
Não quero compartilhar com a multidão o seu pedido de casamento, o nosso momento precioso.
Tem que nos pertencer.
Cada detalhe.
Cada palavra que saiu engasgada.
Cada expressão.
E, cada respiração.
É nosso.
Nós.
Meu amor, eu não quero frases feitas, poemas decorados, amores ensaiados.
Não se monte num personagem engomadinho com a gravata azul bebê rotineira.
Seja você.
Apareça com um pé de all star de cada cor, gravata laranja de bolinhas verdes, sem paletó.
Não coloque gel, brilhantina, nem pomada no cabelo.
Não faça a flor ou o lenço combinarem com as cores da cerimônia.
Ah, não.
Não sejamos mais outros etiquetados seguindo a risca todos os costumes.
Não queira deixar tudo perfeito.
Não precisa exagerar.
Ah, nem sei mais se quero festa ou não.
Acho que preferiria casar mesmo em um restaurante todo hipster e parisiense dessa cidade louca e agitada.
Vinte pessoas no máximo e meu vestido pêssego ou champanhe.
Quem se importa com o branco?
E, a marcha nupcial?
Ah, meu amor, não. Por favor, sem marcha nupcial.
Prefiro nossa música ou qualquer música que combina mais com a gente.
Sem bolo de casamento para enfeitar e outro servido em pedaços para comer. Por que eu não posso comer o bolo de dez andares todo feito à mão? Ele é de cera?
Aí que frescura, meu Deus!
Tá vendo?
Não combina comigo.
Com você.
Com nós.
Nós somos diferente deles.
Lua de mel no Caribe?
Prefiro andar de trenzinho velho ou de conversível, assim posso ficar só o bagaço e ainda sim você me fazer sentir a mulher mais linda do mundo.
Não espere a hora para contar pros nossos pais, amigos, vizinhos e papagaios.
Não se programe.
Não fique sem dormir por noites.
Não entre em mil lojas de anéis de noivado.
Não pense no que vestir ou dizer no dia.
Não reserve restaurantes, sinfonia, nem casamenteiros.
Meu amor, eu não quero nada.
Meu amor, eu quero o que nós dois juntos podemos ser.
Melhores.
ABOUT THE AUTHOR
Criadora do blog em 2014. A desastrada da família com coração grandão. Apertadora de bichanos em tempo integral. Vivendo na cidade grande, mas com o coração na calmaria de um pôr-do-sol. Aprecidadora de sons parisienses, jazz e cappuccinos no outono. ♥
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