Pássaros criados em gaiola acreditam que voar é uma doença

Você esteve aprisionada...
Era um pássaro que nasceu na natureza, com toda liberdade do mundo. Vento em suas penas, água da chuva para tomar banho e cores vivas para apreciar.
Conheceu o mundo.
Conviveu com outras espécies.
Aprendeu um pouquinho sobre cada uma, e a cada partida, uma parte deles ia com você.
Entendeu realmente o significado de amar as diferenças e unicidades de cada um.
Mas, então.
Conheceu pássaros em gaiolas.
Tudo que eles sabiam eram das grades de ferro para dentro.
Eles conheciam um mundo diferente, e aprenderam a apreciá-lo.
Eles amavam o mundo na gaiola porque era tudo que conheciam...
Nasceram, cresceram, viveram ali.
E, era óbvio que tentariam convencer que a liberdade era algo ruim...
Não era bom ser pássaro que voa por aí.
Pássaros em gaiolas achavam que os outros estavam perdidos, sozinhos.
As gaiolas eram seguras.
Eram casa.
Eram o certo.
O normal.
O comum.
Eles te convenceram...
E, como um bom pássaro livre que nasceu solto por aí, você deu uma chance para a curiosidade.
Para o conhecimento, a exploração, a busca pelo novo e diferente...
Você entrou na gaiola e ficou.
Ficou porque disseram que era errado voar.
Ficou porque foi convencida que o mundo era um lugar feio e ruim para se morar.
Ficou porque encontrou vários pássaros que a fizeram acreditar que aquela companhia bastava.
Mas, pássaro livre não nasceu para pertencer a gaiola nenhuma.
Pássaro que voa não se sente bem em um meio que não é seu.
Pássaro livre sabe que não se encaixa em prisões de metal, porém... 
... você gostou tanto daqueles pássaros. 
Aprendeu a amá-los, olhou para dentro deles, teve empatia, simpatia. Criou laço.
Decidiu fazer um esforço e tanto para ficar, fez mais do que era capaz, quis ser iguais a eles...
Mas, todos sabem que pássaro que nasceu para voar, morre se aprisionado.
Os outros estavam bem, felizes, vivendo normalmente dentro de um mundo feito de metal.
Agora, você definhava a cada dia, perecia, não era mais você mesma...
Perdeu a essência de pássaro livre, que desde sempre voou pelo mundo a fora, conhecendo e descobrindo coisas novas.
Ninguém percebia...
Pássaros de gaiola só conhecem um mundo, só há uma realidade para eles.
E, aquilo bastava.
Era bom.
Não tinha porque querer mais...
Ficar insatisfeito, por quê?
Tudo que fosse o contrário dali, era errado, ruim... mau.
O desconhecido dá medo, assusta, amedronta.
Pássaro livre era louco de querer voltar a voar por aí.
Ele podia se machucar, cair, quebrar a asa, enfrentar predadores...
Mal sabiam os pássaros de gaiola que pássaros livres não têm medo de cair porque desde pequeno tiveram que cair para aprender a voar.
A vida para eles era essa, enfrentando tudo de frente e descobrindo coisas maravilhosas por aí.
Mas, então você com tanta liberdade para voar se convenceu de que não era mais certo levantar voo.
Os pássaros de gaiola te convenceram que ali era o melhor lugar para ficar.
Permanecer entre grades de metal era o certo, era o único modo...
Você teria que viver da mesma maneira do que os outros, você era o único pássaro que voava enquanto todos estavam nas suas respectivas gaiolas.
Como se encontrar em meio a tantos pássaros declamando a mesma coisa?
Como ir contra, sendo que parece que a maioria está certa?
Mas, entenda pássaro livre, que você é diferente.
Você nasceu voando, conhecendo o mundo, vendo espécies por aí, e eles não.
Você tem mente aberta, você tem visão diferente pelas suas experiências, eles não.
Pássaro que voa não pode exigir que pássaros de gaiola decidam (por si mesmos) saltarem das grades de metais para conhecerem o mundo.
Para caírem, antes de aprenderem a voar.
Para se arriscarem e deixarem de ter medo.
Você que voa precisa entender que para pássaros de gaiolas viver do seu modo é errado.



"Pássaros criados em gaiola acreditam que voar é uma doença."

Share this:

ABOUT THE AUTHOR

Criadora do blog em 2014. A desastrada da família com coração grandão. Apertadora de bichanos em tempo integral. Vivendo na cidade grande, mas com o coração na calmaria de um pôr-do-sol. Aprecidadora de sons parisienses, jazz e cappuccinos no outono. ♥

0 comentários :

Postar um comentário